Notas.
A frase socrática “só sei que nada sei” significa que não sei inclusive isto que nada sei?
A frase socrática “só sei que nada sei” significa que não sei inclusive isto que nada sei?
Ayer se fue; mañana no ha llegado;
Hoy se está yendo sin parar un punto;
Soy un fue, y un será, y un es cansado.
Francisco de Quevedo – ¡Ah de la vida!…
Adam Martinakis
A memória é bifronte: é presença e é recordação. Não é alimentada pelo que ocorreu, mas pelo que nos afeta daquilo que ocorreu. Não é condicionada pela generalidade das consciências, mas pelas consciências, mortas ou vivas, com as quais dialogamos.
Samuel Butler deixou escrito que a memória é como o eco que continua a repercutir depois que o som se extingue. Ocorre que na Era Digital o som não se extingue. O dito e o escrito retumbam sem cessar. Atordoam de tal modo a compreensão que desbordam em perplexidade. Disponíveis infinitamente, os fatos e os dados substituem as recordações pela crônica, retificando o que lembramos, o que esquecemos, o que sublimamos.
Consta da segunda das Meditações Cartesianas de Edmund Husserl que quando a consciência se volta sobre si mesma, quando re-fletimos, o tempo é sem história. Infelizmente, na atualidade o turbilhão das informações está fazendo com que as lembranças que construímos se tornem impessoais. Acumuladas sem perda nem filtro, geram a monstruosidade documental que devora nossas memórias.
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Parte 1 – O trabalho visto por Foucault
Parte 2 – Exercício: Da força animal ao ativo descartável
José Joaquim Alves Pacheco, retratado na carta ao Sr. Mollinet que Eça de Queirós fez constar da Correspondência de Fradique Mendes, nunca produziu nada, mas tinha imenso talento.
A percepção generalizada sobre o talento do Pacheco o levou aos mais altos píncaros da sociedade e da política, dispensando o seu emprego em qualquer dessas instâncias.
Eu acredito nas estatísticas.
Os levantamentos, sistematizações e cálculos têm fundamento.
O que eu não acredito, e não vejo como alguém possa acreditar, é que indiquem a probabilidade da ocorrência de eventos futuros.
Deu na BBC por Ian Rose.
Em junho, Elon Musk disse aos seus funcionários, na Tesla, que ele queria que eles voltassem a trabalhar no escritório da empresa.
Ele chegou a publicar um post no Twitter dizendo que os funcionários que não retornassem deveriam “fingir que estão trabalhando em outro lugar“.
Musk não é o único empregador a dizer aos seus funcionários que voltem ao local de trabalho. E, em muitos casos, houve profissionais que preferiram deixar seus empregos a retomar à semana de cinco dias no escritório.
O espaço é infinito. O tempo é eterno. Transitamos no espaço infinito. Somos na eternidade do tempo. No espaço existem coisas. No tempo não há existência. Só presença. Compreendemos o espaço. Sentimos o tempo.
A deidade verdadeira, como o D’us hebraico, sequer pode ser nomeada. Não reside no espaço, não é uma coisa localizada na montanha, na floresta, no mar, no céu. A deidade não está. A deidade é. Por isso não é uma imagem visível, mas uma ideia. Não uma sombra, mas uma luz na introvisão do espírito.
Poucos sentem essa Presença. Dentre esses poucos, alguns, os teístas, creem que a Presença é a totalidade externa do que é. Outros, os deistas que o espírito é a totalidade em si, tudo o que é.
Em 1486, Giovanni Pico Della Mirandola (1463 – 1494), Príncipe dos Eruditos, cabalista e gênio da retórica, um dos pais do Humanismo, estabeleceu que o ser humano estava no topo da Criação. Mirandola ponderou que Deus havia posto limites a todos os seres da Natureza, mas só ao Homem dera liberdade para “degenerar em formas inferiores, que são bestiais, ou atingir as formas superiores, que são divinas”. As outras criaturas já nascem com um destino traçado, já nascem para serem o que são e não podem ser outra coisa. Mas o ser humano tem a capacidade e a possibilidade de fazer-se a si próprio. A sua natureza não é predeterminada. Continuar lendo
Na última década, os sistemas de comunicação conhecidos sob o título de Intranet se estabeleceram como padrão na maioria das organizações. Mesmo as empresas e órgãos governamentais de menor porte fazem uso destes sistemas. Programas para construção de intranets podem ser encontrados com facilidade e adquiridos a preços razoáveis. Neste texto utilizo o instrumental analítico da semiologia estruturalista para interpretar os efeitos da intranet sobre o trabalhador e a vida no trabalho. Aponto evidências de que a intranet, que se apresenta como inclusiva, ampla, livre e participativa, encerra uma estrutura de segregação, cujos elementos determinantes são o assentimento, a subordinação, o estreitamento de perspectivas e a reclusão do trabalhador em um mundo intelectual e emocionalmente restrito.
ABSTRACT
The scope of this paper is to report on an interpretation of the significance and the meanings of the signage of intranet sites. Based on the theories of structuralist semiology, we examined 22 intranet sites of companies and public sector organizations, as well as six intranet construction systems. Analysis and interpretation of such sources indicates that web sites conceal a virtual segregation structure, under the guise of integration of information. The text contributes to an understanding of relationships between the fields of information technology and domination systems, with practical implications for the development of points of interaction between the fields of information science and management science.
Deu na Folha por Emma Jacobs.
Os funcionários da Levenfeld Pearlstein, um escritório de advocacia em Chicago (EUA), estão se preparando para uma mudança em janeiro – do meio do distrito comercial da cidade para a margem do rio – livrando-se das bagunças de suas mesas e levando para casa seus pertences pessoais.
Não apenas o novo espaço de trabalho será menor (de cerca de 5.000 m² para 3.500 m²), mas também haverá menos escritórios individuais.
Karl Krauss (2010). Aforismos. Trad. Renato Zwick. Porto Alegre. Arquipélago Editorial Ltda.
A filosofia do como-se (Die Philosophie des Als Ob) do alemão Hans Vaihinger (Nehren, 1852 – Halle, 1933) apresenta os valores como ficções úteis. Diz que construímos sistemas de pensamento e agimos como-se o mundo correspondesse aos nossos modelos, vivemos como-se não fossemos morrer, respeitamos as instituições como-se merecessem ser respeitadas, amamos como-se o amor fosse eterno.
O livro de Vaihinger, nada fácil de ler, foi um sucesso de vendas. Atribuiu-se esse êxito ao poder anestesiante do argumento, que remonta à visão cética sobre a impostura sociopolítica e o embuste das convenções estéticas, econômicas e morais. Os analistas viram na justificação da perda da dignidade dos valores um reflexo da circunstância em que Vaihinger viveu. Uma época e um lugar, o da Europa do entre-guerras, em que prevalecia o falso, a imitação, o supérfluo. O como-se espelharia, em formato kantiano, a sociedade dos salamaleques sociais, da arquitetura de colunatas inúteis, dos retratos de antepassados imaginários, dos chapéus femininos enfeitados, dos monóculos decorativos.
A atribuição à circunstância é verdadeira, mas a restrição é indevida. Vaihinger é atemporal. Ainda ontem mesmo fingia-se uma vida familiar harmoniosa, reverenciava-se o Sr. Diretor, ia-se às cerimônias vazias e escandalizava-se com a sexualidade alheia. Na atualidade digital, vivemos o como-se da farsa do tempo gasto no trabalho on-line, da cortesia sumária dos diálogos do zap ou das respostas automáticas nos e-mails.
Nada mudou. Apenas no distanciamento social está-se a um passo do divórcio definitivo entre a vida interior e o teatro da vida. Alcançamos a possibilidade da hipocrisia de nos relacionarmos como-se os outros fossem relevantes para nós.