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por Igor Morski
Compreender é o ato de alcançar os elementos essenciais de uma situação. Explicar é o ato de tornar inteligível o compreendido. Entender é o ato que precede e torna possível pautar a ação racional.
Entendemos nos explicando, isto é, “lendo” a memória e a circunstância da mesma forma que lemos um texto: tratando de inferir significados para que possamos apreender o mundo e a nós mesmos.
A visão oitocentista, de Marx à Comte, procurou compreender a gênese e a projeção da vida social. Não chegou a entendê-la. Insistiu sobre a essencialidade da sociologia numérica, da demografia computacional e da investigação estatística. Graças a esta forma de ver, até hoje nada se perquire que não seja o antecipado. As regularidades que se constata repousam sobre convicções, sobre convenções, sobre incompreensões.
Os saberes acadêmicos se cristalizaram. Não encontram significados, mas congruências. Ignoram, ou preferem esquecer, que a ordenação econômica ou as estruturas organizacionais em que estamos naufragados são artificialidades.
As epistemologias dominantes nas ciências sócio-humanas, produtos normativos vencidos, preceituam o futuro como repetição do ocorrido. Buscam solucionar dificuldades da existência que já não vigem. São incapazes de descobrir o real ou de pensar ordenamentos socioeconômicos diferentes dos consagrados. Propõe-se entender sem ler, sem decifrar os signos sussurrantes do passado, sem escutar os gritos lancinantes do presente.
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