A cena muda.

Notas.

A existência regida pela intensidade comunicacional da Web tem o efeito da ação constante e a agitação sem sentido das comédias do cinema mudo. Uma forma de silenciar o espírito para o vazio em que se transformou a vida social.

UTILIZE E CITE A FONTE.
CHERQUES, Hermano Roberto Thiry (2023). A Ponte https://hermanoprojetos.com/.

Retorno à polifonia.

Perplexidades.

Na virada do século XIX para o século XX ouviram-se os acordes de uma aurora harmônica – recordemos de Nietzsche, de Proust, de Ravel, de Gaudi. Já a volta para o século XXI foi marcada pela circularidade de fecho banal. Pela taxonomia de cisão entre o conhecido e o desconhecido, entre o útil e o inútil, entre o consciente e o inesperado.

A internet tem responsabilidade na monotonia desse cantochão. Mas é possível que seja também ela que venha nos salvar. Explico. Na obra escancarada, o sentido é dado já não mais como mosaico, mas como fractal, que eternamente retorna ao “quase”, ao “talvez”, ao “ainda-não”, ao “já-não-mais”. Daí a esperança de que a saturação hipertextual da Web possa corrigir a rítmica pueril da bipolaridade.

Talvez. Nada é certo. A polifonia da música das esferas sempre foi inaudível para os humanos. As notas e acordes que podemos escutar não são perfeitos. As frequências não se encaixam com exatidão. Há sempre uma margem, uma borda oscilante que, nós, aturdidos pela cacofonia dos ruídos de fundo, teremos que reaprender a ouvir se quisermos transcender a banalidade diatônica do momento presente.

 

UTILIZE E CITE A FONTE.
CHERQUES, Hermano Roberto Thiry, 2022 –  A Ponte: pensar o trabalho, o trabalho de pensar – Retorno à polifonia. –  https://hermanoprojetos.com/2022/06/13/retorno-a-polifonia/

Adão e Eva no Paraíso digital.

Perplexidades.

adaoeevaA nossa personalidade é o que determina o que vestimos, onde vamos, com quem nos relacionamos. Configura as identidades. A Web, ao contrário, despersonaliza; anula as identidades.

Até o final do século passado, havia a esperança de que as personalidades poderiam se defender por vácuos íntimos de não-comunicação. No início deste século surgiu a esperança de que a sobrecarga de lixo informacional esgarçaria as malhas opressivas das interações sociais. Nem a emancipação, nem a catástrofe ocorreram.

Vieram as redes digitais.

Nas redes, as teias de comunicação reconstroem-se continuamente. Erigem um mundo em que as pessoas formam agremiações sem uma condição de pertencimento. Quase tudo o que nelas flui permanece no limbo do presente contínuo que, para os eruditos medievais, foi uma das definições do Inferno.

A Internet destrói as personalidades porque é constituída pelos que a integram e não pela eletrônica que a serve. Inexistem fios. Só conexões. Mãos dadas, mentes emparelhadas, nós não caímos em uma armadilha: nós somos a armadilha. Conectores ocos, transumanos sem umbigo, instauramos a era da cultura erigida sobre o vazio. Somos os Adãos e as Evas do nada.

 

UTILIZE E CITE A FONTE.
CHERQUES, Hermano Roberto Thiry, 2022 -Adão e Eva no Paraíso digital. A Ponte: pensar o trabalho, o trabalho de pensarhttps://hermanoprojetos.com/2022/01/17/adao-e-eva-no-paraiso-digital/

NOTAS: O ‘mito’ do empreendedor jovem.

Notas.

Deu no Brazil Journal por Mariana Barbosa.

Swan – by Maria Hatling (South Korea)

Nassim Taleb foi a São Francisco. E odiou o que viu. MIT desconstrói o ‘mito’ do empreendedor jovem.

Taleb fez fama (e uma legião de seguidores) com o livro “The Black Swan”, que criticou severamente os modelos financeiros usados pelo mercado para avaliar risco e praticamente previu a crise de 2008.

Enquanto espera a próxima crise, Taleb pontifica sobre tudo no Twitter, onde tem se revelado um misto de sábio com tio ranzinza.

Depois de uma viagem a São Francisco, o tio ranzinza explodiu: “Millennials tatuados, com um problema de atitude, morando apertados e pagando aluguéis exorbitantes. E (agressivamente) vegetarianos.” A metralhadora continuou: “O culto da juventude (pela juventude) resulta de uma falácia lógica elementar. Se 90% das inovações bem-sucedidas vêm dos jovens, menos de 1/1000 das inovações dos jovens funcionam. Estatisticamente, a juventude está correlacionada com a mediocridade, a indolência, a fraqueza física e a falta de criatividade.”

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