Ética.
Na tradição do Ocidente, o entendimento é de que cada dilema moral deve ter um, e somente um, desfecho correto. A questão: “devo perseguir o Bem do conhecimento ou o Bem da compaixão”, por exemplo, admitiria uma única resposta verdadeira. Os conflitos entre bens genuínos desaparecem dogmaticamente, já que para os dissolver basta arbitrar validade maior a um deles.
Essa convicção, o monismo, tem origem em outra, mais antiga: a da perfeição divina. Cizânias entre o certo e o errado e entre o certo e o mais certo seriam dirimíveis pela referência à vontade de Deus ou pela razão humana.
Ambas racionalizações vão contra a evidência da incomensurabilidade de valores. Desconhecem a impossibilidade de alcançar uma Verdade absoluta que resolvesse os dilemas positivos (o mais certo), e os dilemas negativos (o mais errado). Negligenciam que tanto o Desígnio Divino como a Razão Universal são parte do litígio entre a Opinião e a Ciência, não tendo, por isso, legitimidade para o decidir. São crenças que podem ajudar a viver, mas não ajudam a conviver, que é o propósito da filosofia moral.