Para além da moralidade teórica.

Ética.

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As tentativas de hierarquizar os valores morais falham em resolver dois dilemas que se entrecruzam: o da questão ética, de como acolher o diferente e o da questão política, de como coexistir com o antagônico.

Ao arbitrarem a superioridade de um valor sobre outros, as óticas monistas invalidam a solução de consenso. Interditam buscar uma sociedade em que todos estejam de acordo sobre a moralidade básica. Já a ideia da submissão à pactos, seja o do consenso, como em Habermas, seja a do contrato imaginário, como os que vão de Hobbes até Rawls, é utópica.

Por essas razões o pluralismo se opõe tanto ao monismo, que sustenta a existência de valores exclusivos, como ao utopismo, que pensa ser possível harmonizar as concepções de bem.

Realisticamente, propõe tratar os demais como pessoas e não como indivíduos, atribuindo-lhes a liberdade moral que não fira a lógica da proteção aos direitos da alteridade e do amparo aos desvalidos.

 

UTILIZE E CITE A FONTE.
CHERQUES, Hermano Roberto Thiry, 2022 – Para além da moralidade teórica. – A Ponte: pensar o trabalho, o trabalho de pensar – https://hermanoprojetos.com/2022/03/23/para-alem-da-moralidade-teorica/

 

REFERÊNCIAS:
Berlin, Isaiah (1999). Concepts and categories: Philosophical essays. New Jersey. Princeton University Press
Cherques, Hermano Roberto Thiry (2008). Ética para executivos. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas.
Cherques, Hermano Roberto Thiry (1993). Sondagem sobre Valores Éticos nas Organizações Brasileiras. Cadernos EBAP. Fundação Getúlio Vargas.
Perelman, Chaïm (1990). Désaccord et rationalité des décisions. In Éthique et droit. Bruxelles. Éditions de la Université de Bruxelles.

ÉTICA: Fontes da filosofia moral – Habermas e a ética argumentativa.

Ética.

O legado para a filosofia moral de Jürgen Habermas (Dusseldorf, 1929) será o de haver trazido à luz a ideia de que o diálogo e os conhecimentos acumulados pelas ciências humanas são passíveis de fundamentar uma ética deontológica contextualizada.

Nas obras em que trata da questão ética, Habermas defende a tese de um agir orientado à intercompreensão. Considera uma racionalidade em que a norma moral válida seria fruto do consenso obtido segundo condições ideais de comunicação, tendo os participantes os mesmos direitos e mantendo relações de liberdade e de igualdade. Continuar lendo