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Efeméride.

Perplexidades & Filosofia.

hegelEm Stuttgart, neste dia 27 de agosto, mas de 1770, nascia Georg Wilhelm Friedrich Hegel.

O ano de 2016 marca o bicentenário do seu ingresso como professor em Heidelberg. Hegel tinha 46 anos e já havia publicado a Fenomenologia do Espírito e a Ciência da Lógica.

As datas devem ser comemoradas com discrição e recato.

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Por que tantos negócios copiam o modelo do Uber?

Notícias & Almanaque.

Motoristas do Uber em São PauloDeu na Exame.com por Mariana Fonseca.

Uma empresa com menos de dez anos já vale mais do que seus concorrentes. Poderia ser mais um caso recorrente no mundo do empreendedorismo, se não fosse o fato de que os competidores são nada menos que impérios criados no começo do século passado.

Criada no auge da crise econômica da 2008, uma startup chamada Uber se tornou um negócio avaliado em mais de 60 bilhões de dólares, superando empresas como Ford e General Motors. Isso sem comprar nenhum carro que aparece na tela do celular.

O Uber não apenas modificou o setor de transportes individuais, mas se tornou o símbolo maior de uma mudança na forma de nos relacionarmos com os serviços que nos rodeiam. E há muitos empreendedores querendo aproveitar essa inovação no modelo de negócio para se tornarem pioneiros em seus setores. Continuar lendo

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Ocasionalismo – o que é?

Ética & Credibilidade.

ocasionalismoOrigem

O termo deriva do latim occidere, cair, como o cair do sol (o ocaso), o lugar onde o sol se põe (o Ocidente), o que recai conforme a circunstância (o caso) ou a oportunidade (a cadência).

O ocasionalismo é uma concepção do filósofo francês Nicolas de Malebranche (Paris; 1638-1715), décimo terceiro filho do conselheiro de Luiz XV, rei de França.

Destinado ao sacerdócio, sem para isto ter vocação, Malebranche dedicou-se aos estudos eclesiásticos de má vontade. Continuar lendo

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Tédio no trabalho.

Notícias & Almanaque.

Deu na BBC News por Alex Morrison, Alex Therrien e Emma Aileso.

Francês pede mais de R$ 1 milhão em indenização por ‘tédio’ no trabalho.

Nada de horas extra, problemas com férias ou outras questões trabalhistas. Um trabalhador francês está processando a empresa onde trabalhava por um motivo bem menos comum: tédio.

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O que é compreender?

Epistemologia & Método.

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A epistemologia deve muito ao filósofo alemão Wilhelm Dilthey (1833 – 1911) que procurou fundamentar o que batizou de “ciências do espírito” para explicar a vida e a sociedade. Foi Dilthey quem rompeu os laços que prendiam ao kantianismo, ao demonstrar que as verdades têm uma história e que o sentido do mundo e de si mesmo é dado e mudado pelo homem na sua trajetória pela vida.

Atônito ante a inépcia dos seus contemporâneos, Dilthey recuperou o pensamento filosófico desde o Renascimento, e aplicou um arsenal inteiramente renovado de conceitos ao conhecimento do humano. O conceito que mais influência exerceu e exerce é o do verbo “compreender”. Continuar lendo

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O executivo e o conatus de Spinoza.

Perplexidades & Filosofia.

O executivo contemporâneo, premido pela competitividade impositiva, vê-se constrangido a anular sua identidade na tentativa de ser mais do que o outro, de ocupar um lugar ao sol no lúgubre pináculo corporativo.

Dente da engrenagem desatinada em que as metas são ditadas unicamente pelos interesses menores de poder (liderança), de riqueza (salários e bônus), de status (a duvidosa respeitabilidade dos bem sucedidos), vê-se impelido a defraudar o tempo e o estatuto da introspeção. Continuar lendo

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Suécia testa reduzir jornada de trabalho para 6 horas.

Notícias & Almanaque.

Deu no NYT por Liz Alderman.

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Matthias Larsson diz que a mudança para a jornada de seis horas aumentou sua eficiência e deixa que ele aproveite mais tempo com os filhos.

Arturo Perez voltava para casa exausto de seu trabalho como cuidador no lar de idosos Svartedalens. As oito horas diárias o consumiam e o deixavam com pouco tempo para passar com seus três filhos.

No entanto, a vida de Perez mudou quando Svartedalens foi selecionada para participar de um experimento. Em 2015, os funcionários passaram a trabalhar seis horas por dia, sem qualquer redução salarial. A medida teve por objetivo aumentar o bem-estar dos funcionários. Perez disse que hoje está cheio de energia, e os moradores do asilo falam que o atendimento que recebem melhorou. Perez comentou: “Um trabalhador contente é um trabalhador melhor”. Continuar lendo

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Brasil é último em ranking de criação de emprego da OCDE.

Notícias & Almanaque.

Segundo relatório, país terá, em 2016, maior saldo negativo (quando demissões superam contrações ) – de 1,6% – entre 44 nações pesquisadas.

Deu no G1 por Daniela Fernandes de Paris para a BBC Brasil:

Em razão da crise econômica, o Brasil deve ter, em 2016, o pior desempenho na criação de empregos na comparação com outros 43 países, de acordo com um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado nesta quinta-feira (7).ha_vagas copy

Desemprego fica em 11,2% no trimestre encerrado em maio

Segundo o relatório, o Brasil deve registrar um saldo negativo de empregos (quando as demissões superam as contratações) de 1,6% neste ano, enquanto nos países da OCDE a previsão é de crescimento de 1,5% dos postos de trabalho em 2016. Continuar lendo

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Orwell e o crepúsculo do estamento impudente.

Ética & Credibilidade.

George Orwell photo portraitEm 25 de junho de 1903, há 113 anos, nascia em Motihari, Índia, Eric Arthur Blair.

Aventureiro, militante socialista, escritor e ensaísta, Blair, mais conhecido pelo pseudônimo de George Orwell, foi uma pessoa singular. Viveu o que pregou e pregou o que viveu.

Filho de uma família da elite da era vitoriana estudou em Eton. Para entender e escrever sobre as classes mais pobres, morou em favelas, trabalhou como operário e como mineiro. Viu de perto, como policial em Burma e como soldado na guerra civil espanhola, o descaso com os miseráveis e a derrota dos ideais mais nobres. Continuar lendo

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Pesquisa lista 10 atividades ‘bizarras’ que profissionais fazem no trabalho.

Notícias & Almanaque.

3 em cada 4 empregados perdem duas ou mais horas com distrações.
Artesanato e decorar a mesa estão entre as atividades estranhas.

Deu no G1:

Colegas sem noção - fala alto (Foto: Arte/G1)Pesquisa do CareerBuilder, site norte-americano de carreiras, mostrou que três em cada quatro empregados (75%) perdem duas ou mais horas do dia com distrações. Outros 43% disseram que perdem até três horas por dia.

O CareerBuilder listou 10 atividades, no mínimo, estranhas, que profissionais fizeram e ainda fazem no ambiente de trabalho. Fazer um álbum de recortes, trabalhar no projeto do filho com macarrão cru e levar gatos resgatados para o escritório foram algumas das situações citadas. Continuar lendo

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A ordem do querer dizer.

Epistemologia & Método.

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A previsibilidade do entendimento e da internalização dos signos é uma aspiração que está longe de ser alcançada. O que está fora de alcance não é somente a complexidade da mente humana, mas a sintetização computacional das interações sígnicas. Por mais que os devotos das epistemologias em vigor insistam, a equalização do processo de entendimento esbarra no distanciamento entre a recepção do percebido e sua compreensão. Continuar lendo

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Texto da abolição da escravatura é leiloado por US$ 2,4 milhões nos EUA.

Notícias & Almanaque.

Documento foi assinado por Abraham Lincoln em 1º de fevereiro de 1865.
Trata-se de um dos 14 exemplares assinados pelo ex-presidente americano.

Deu no G1:

O texto da 13ª emenda da Constituição americana, assinada em 1865 por Abraham Lincoln, que aboliu a escravatura nos Estados Unidos, foi adquirido por US$ 2,41 milhões (R$ 8,63 milhões) em um leilão da Sotheby’s, em Nova York.

Documento foi assinado por Abraham Lincoln em 1º de fevereiro de 1865 (Foto: Jewel Samad/AFP)

O documento, leiloado na quarta-feira (25), foi assinado por Lincoln em 1º de fevereiro de 1865, algumas semanas antes de seu assassinato em 14 de abril, e pouco mais de dois meses antes do final da Guerra da Secessão. Continuar lendo

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Kant: trabalho criativo ou vazio existencial

Perplexidades & Filosofia.

kantNa Antropologia (2006), Kant deixou escrito que a partir do momento em que tomamos consciência do tempo que passa sobrevém o horror ao vácuo (horror vacui), a sensação da morte lenta, da vida que se esvai.

É o sentimento de vacuidade que nos faz procurar as diversões, os prazeres, os passatempos, os jogos, a sociabilidade inócua. Mas logo nos damos conta que o desperdício do tempo vital não o substitui.  O ser humano preenche sua vida através de ações e não através de distrações. No lazer, na ociosidade, experimentamos uma “falta de vida”. Continuar lendo

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Demissão por justa causa.

Notícias & Almanaque.

Empregado pode receber advertências por comportamento indevido. Furto de comida da geladeira também pode causar dispensa.

Deu no G1:

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Lesar a empresa, divulgar informações confidenciais do trabalho e cometer ações contra a segurança nacional são algumas das situações que podem levar à demissão por justa causa do trabalho. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê algumas situações em que o profissional pode ser demitido dessa forma. Continuar lendo

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O filósofo e maman.

Epistemologia & Método.

Francoise.jpgNo Domingo de Ramos de 1728, fugindo do duro sistema de ensino a que era submetido na sua Genebra natal, Jean-Jacques Rousseau, foi acolhido pela baronesa Françoise-Louise de Warens, que à época, por razões não muito claras, auxiliava o padre Monsieur de Pontverre na conversão de jovens protestantes.

Os três anos que passou na maison de Charmettes, na Savoia, usufruindo os favores de Mme. de Warens, a quem Jean-Jacques traçava amavelmente – ela com 29 anos, ele com 16 – e a quem, freudianamente, chamava de “maman”, foram os da sua conversão, os de seu adestramento existencial e os da sua formação filosófica. Continuar lendo

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OFICINAS & CADERNOS DE CAMPO

Novidades no Blog

No menu lateral direito você encontra agora o especial Oficinas & Cadernos de Campo.

Oficina” é uma técnica de conclave orientada para a equalização de um problema corporativo.

A equalização compreende a identificação de objetivos e a modelagem do projeto de encaminhamento de soluções.

O processo de identificação integra técnicas de solução de problemas (problem solving), análise de contexto e tomada de decisões.

O encaminhamento de soluções consiste na compactação das técnicas de sequenciação e de balizamento de resultados em um documento de trabalho: o Caderno de Campo.

O “Caderno de Campo” é uma ferramenta que sintetiza e ordena em uma ficha as metas, os passos, as informações e os diversos tipos de custos de um projeto.

Os “Protocolos de Pesquisa” são roteiros que sintetizam em uma ficha (frente e verso) as questões, as técnicas e a sequência de operações de um método de investigação.

Baseados nos Cadernos de Campo da engenharia, os Protocolos são ferramentas de ordenação e verificação de passos de projetos de pesquisa, tanto profissionais como acadêmicos (aqui gratuitos para download).

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Jovens estão insatisfeitos com sistema corporativo atual.

Notícias & Almanaque

Deu no G1:

young-people-at-workGrande parte das empresas hoje apresenta uma estrutura hierarquizada, com diferentes níveis de autonomia. Porém, pesquisa feita com a pergunta “Se você pudesse mudar algo no mundo corporativo, o que seria?” mostra que a visão atual de quem está ingressando no mercado mudou.

Levantamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) realizado com 10.258 jovens de todo o país, de 15 a 26 anos, entre os dias 28 de março e 8 de abril, mostra que 36,56% “acabariam com a hierarquia e todos seriam iguais”.

De acordo com a coordenadora de treinamento do Nube, Yolanda Brandão, “o papel do líder se transformou nas últimas décadas. Em sua agenda, deve haver tempo para a equipe, para compreender quais são suas metas na vida, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional e assim, traçar estratégias e acompanhar o desenvolvimento de seus colaboradores individualmente”, diz.

Outros 30,53% dizem estar insatisfeitos e “mudariam tudo: o sistema está ultrapassado”. “O sentimento de angústia ocasionado pela incapacidade de solucionar as diferenças entre o cenário idealizado e a realidade acarreta nesse desânimo. As pessoas se imaginam felizes e realizadas em um cargo e, no entanto, o caminho geralmente vem com obstáculos e dificuldades, nem sempre previstas, derivando em frustração”.

No entanto, especificamente para as gerações Y e Z, parte da insatisfação é a aparente falta de velocidade para a efetivação de realizações e a impossibilidade de reproduzir tarefas importantes em diferentes áreas, simultaneamente. “As organizações devem manter um espaço saudável de comunicação com esses jovens, pois são acostumados a uma vida social agitada e rica, assim como no ambiente virtual e projetam isso também no mundo corporativo”, afirma.

Já 19,9% encontram-se satisfeitos e “não mudariam nada, já está bem estruturado”. Para a especialista, os respondentes “não necessariamente têm informações suficientes para pensar em outro modelo de trabalho possível”, por ainda estarem no início da jornada corporativa.

Por fim, 13,01% acreditam ser melhor “não ter horário nem local para trabalhar”. “O home office, por exemplo, ganhou espaço nos últimos anos e permite um trabalho remoto, seja de casa, durante uma viagem, em um café, e mesmo não significando liberdade total, esse molde atende em partes o anseio dos novos profissionais”, diz.

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O que é uma instituição?

Perplexidades & Filosofia

humor de arquitectura

Etimologicamente, o termo “instituição” refere a algo instituído (in+stäre), isto é, fixado, estabelecido ou instaurado.

Nas ciências sócio-humanas a palavra “instituição” denomina as estruturas, crenças ou formas de conduta consagradas pela coletividade.

Durkheim (e a sociologia depois dele) explicou que os indivíduos integram uma realidade composta de instituições preexistentes a eles. De forma que as pessoas insertas em uma sociedade devem compreender suas instituições, mesmo que de algum modo as rejeitem.

Esta compreensão está longe de ser pacífica. O conceito de instituição, que parece claro e indubitável é, no entanto, ambíguo.

Ambiguidade

Os entendimentos etimológico e sociológico primários de “instituição” têm sido objeto de severos reparos ao longo dos dois últimos séculos. Não por acaso, já que o termo é francamente equívoco. Ao denotar uma estrutura normativa que define as relações de um segmento da sociedade, abarca entidades díspares, como a família, o governo, a escola, a Igreja, um banco, etc.

O conceito corresponde a cortes diferentes do social: um referido à forma outro ao conteúdo.

De uma parte exprime um padrão organizado de condutas ou de atividades (estabelecido por lei ou costume) consistente, autorregulado e recorrente (Huntington), regido por normas reconhecidas e aceitas por uma comunidade (Weber). São exemplos deste significado os institutos políticos – que regulam as formas de se alcançar e de se exercer o poder -, a família e o que é considerado uma família, as entidades econômicas – que regulam a produção e distribuição de bens e serviços -, e assim por diante

De outra parte, o termo “instituição” refere ao estabelecimento, fundação ou organização criada para promover um determinado tipo de empreendimento. São exemplos deste significado as organizações bancárias, as universidades, a instituição militar, etc.

Desambiguação

A mais aceita desambiguação do conceito é a oferecida pelo filósofo lógico John Searle, que define uma instituição como: um sistema de regras constitutivas (procedimentos, práticas) aceito coletivamente que nos permitem criar fatos institucionais.

A definição de Searle incorpora as ideias tradicionais de Durkheim, de Huntington e de Weber. É restrita bastante para determinar os limites do que se pode denominar instituição e ampla o suficiente para abarcar as duas acepções – formal e de conteúdo – do termo.

O conceito assim definido remete a três elementos essenciais:

  • as regras constituintes,
  • os fatos institucionais,
  • a função de status, e
  • os poderes deônticos.

Elementos de significado

Estes elementos se articulam da seguinte forma: as regras de constituição compreendem a geração de um fato institucional como uma atribuição coletiva de uma função de status. O ponto característico da função de status é a geração de poderes deônticos, isto é de coisas que se pode e que não se pode fazer no contexto institucional (obrigações, permissões, interdições, etc.).

Estas “regras de constituição” têm a forma “X conta como (vale como – count as) Y em um contexto C”, onde um objeto, pessoa, ou estado de coisas X é atribuído um estatuto especial, o status Y, de modo que a pessoa ou o objeto possa executar funções que não poderia executar isoladamente, isto é, fora do contexto institucional.

“Fatos institucionais” são ocorrências próprias das instituições.  Os fatos institucionais derivam de “intencionalidades coletivas”.

Intencionalidade é um termo filosófico. Não tem a ver com a intenção, o ter um propósito deliberado. Designa a característica da mente de se dirigir para objetos e eventos. As esperanças, os medos, os desejos, as emoções em geral são intencionalidades. São sentimentos e emoções não deliberados em relação aos objetos.

“Intencionalidades coletivas” são intencionalidades compartilhadas por um grupo. As crenças, as esperanças, os medos, os desejos compartilhados são indicativos de um perfil institucional. As famílias, as confissões religiosas, as universidades, o sistema democrático, as forças armadas, a economia de mercado ou de controle centralizado são instituições porque, entre outras características, correspondem a intencionalidades coletivas determinadas, como no passado corresponderam a intencionalidades coletivas o duelo e a primazia dos nobres sobre as virgens.

A “atribuição de funções” é à capacidade de impor o emprego de objetos que não tem originalmente a função para o qual é empregado. Ferramentas ou, mais primitivamente, o uso de um tronco de árvore como assento, são atribuição de funções.

As atribuições de funções específicas de status são casos particulares em que o objeto ou a pessoa a quem é atribuída a função a desempenha unicamente em virtude da aceitação coletiva de que o objeto ou a pessoa tem o status necessário para desempenhá-la. Esta atribuição tem a forma X vale como Y no contexto C. Por exemplo, o movimento M no jogo de futebol conta como gol, isto é vale um ponto. Exemplos de atribuição de funções são o valor da moeda em um pais, o lugar da mulher em uma comunidade, a propriedade privada de um habitante da cidade, o cargo na polis grega, etc.

As intenções coletivas e as atribuições de funções de status geram e regulam “poderes deônticos”, isto é, direitos, deveres, obrigações, permissões, iniciações, requisitos, certificações, etc., reconhecidos e aceitos pela coletividade. Os poderes deônticos conformam a estrutura de poder institucional.

Circularmente, as regras constitutivas das instituições determinam funções de status reconhecidas e aceitas pela coletividade. Funções de status estas que são desempenhadas devido a este reconhecimento e aceitação.

Síntese

Para que um segmento do social possa ser considerado e criticado como uma instituição é necessário:

  1. Discriminar as crenças, as esperanças, os medos, os desejos, isto é, as intencionalidades coletivas próprias deste segmento social;
  2. Verificar a existência de atribuição de funções de status a pessoas ou a objetos específicos deste segmento social. Isto é, a existência de sistemas de valoração, de gradação, de hierarquização de pessoas e objetos que caracterizem o segmento;
  3. Especificar poderes deônticos (deveres, interdições, etc.) próprios do segmento em questão.
Durkheim, Emile(1984)Règles de la méthode sociologique p. XXIII. http://classiques.uqac.ca/classiques/Durkheim_emile/regles_methode/durkheim_regles_methode.pdf
Huntington, Samuel P. (1965). “Political Development and Political Decay” (PDF). World Politics 17 (3): 386–430. JSTOR 2009286
Searle, John R. (2005). What is an institution?. Journal of Institutional Economics; 1: 1, 1–22; The JOIE Foundation 2005 doi:10.1017/S1744137405000020.
Weber, Max Cf. Sheldon S. Wolin (1981). Max Weber: Legitimation, Method, and the Politics of Theory. Political Theory. Vol. 9, No. 3 (Aug., 1981), pp. 401-424

 

UTILIZE E CITE A FONTE

 

CHERQUES, Hermano Roberto Thiry, 2016 – O que é uma instituição? – A Ponte: pensar o trabalho, o trabalho de pensar – http://hermanoprojetos.com/2016/04/08/o-que-e-uma-instituicao
Nota

Emprego e emancipação.

Ética & Credibilidade

hegel copyA fórmula jurídica que regia a aquisição de um escravo na Roma dos césares – a mancipatio (literalmente, “agarrar com as mãos”) – continha a seguinte declaração capital:

Afirmo que este escravo é de minha propriedade, de acordo com o direito quiritário (dos patrícios romanos) e que foi comprado mediante cobre pesado”.

Os sistemas atuais de contratação não diferem ideologicamente da mancipatio.

Deveres como os de cumprir horários, conduzir-se socialmente de determinada maneira, executar tarefas sabidamente inúteis limitam a liberdade do trabalhador.

Obrigações como a do vínculo e imposição sindical e das férias em períodos não desejados são francamente tutelares.

Artifícios como o do 13º salário e o das contribuições compulsórias para a aposentadoria, seja pela retenção de direitos até uma data que pode não ser a da conveniência do empregado, seja pela expropriação sem retorno ou alternativa de seus rendimentos, servem mais para financiar as instituições e o capital que se apropria (torna sua a propriedade) do direito sobre as escolhas vitais do trabalhador.

Ao equalizarem deveres de servidão a regras castradoras de liberdade as formas jurídicas que regulam os vínculos empregatícios lançam a mão sobre a autarkéia, o direito do trabalhador de definir sua vida e seu destino. Pertencem à esfera da mancipatio, não do seu contrário, a emancipação.

 

utilize

Burckhardt, Martin (2011) Pequena história das grandes ideias; como a filosofia inventou o nosso mundo; Tradução de Petê Rissatti; Rio de Janeiro; Tinta Negra Bazar Editorial. Pg. 54